Olá pessoal! Essa é a minha primeira crônica. Espero que gostem e reflitam.
“Todo homem nascido na cidade de Orienaj Oir deverá pertencer a um clã de acordo com a sua família. E ao completar 18 anos, um ritual deverá ser realizado e o corpo de todo homem marcado com uma mancha que representava seu clã”
Um jovem, que morava em Orienaj Oir era do clã tapu. Não muito conhecido, seu clã era modesto e pequeno. Existiam vários clãs, dentre eles o mais famoso, o cauí. Esse jovem que chamava-se Avlis morava junto com a sua família e iria completar seus dezoito anos. Aos dezoito anos, todos os jovens deveriam fazer o ritual de iniciação, no qual uma mancha era fixada em seu braço caracterizando assim a que clã a pessoa pertenceria.
Avlis era diferente. Ele não gostava de divisões. Ele sonhava com uma cidade unida, sem clãs e sem fragmentações. Ele não via uma honra possuir a mancha, mas sim uma imposição social. Toda sociedade o obrigava a escolher um clã e a fazer o tal ritual e ter a mancha no braço.
Chega o dia do ritual. A cor da mancha já está decidida; será azul. Prepara-se a tinta, a família de Avlis está na expectativa, é então que o sacerdote chega e pinta o jovem e o declara pertencente ao clã tapu. A família orgulhosa vem e abraça-o, a sua jovem namorada abraça-o também toda orgulhosa. Mas, o nosso jovem não está nada animado. Ele odiara estar manchado.
Seguia ele para casa enquanto pensava o porque de tantos paradigmas e imposições. Por que as pessoas não entendem que separação não ajuda em nada. Por que eu não posso escolher ter a macha ou não? Se eu quiser ser diferente dos outros, e não querer mancha nenhuma no meu corpo, por que não posso? Por que não posso optar? Por que a sociedade me obriga, por que todos a minha volta também possuem a mancha? Não! Estou decidido, vou tirar essa mancha. O jovem chega em casa, usa um produto especial e tira a macha sagrada.
Encontra-se com seus amigos. Todos estão ansiosos para verem o novo membro do clã tapu. Ficam horrorizados ao verem que o jovem Avlis não tinha mais a mancha. O nosso jovem não entende a reação deles, mas, eles simplesmente começam a virar as costas e abandoná-lo. Rapidamente a notícia se espalha e toda a cidade fica sabendo do menino sem mancha. O menino rejeitado, o menino diferente. O menino que não queria ser mais um dos manchados mas sim ser diferente dos outros.
O encontro esperado acontece, Avlis encontra-se com a sua namorada, Acesnof. Ela olha no fundo de seus olhos e pergunta “Por que você fez isso? Agora será impossível de nós ficarmos juntos. Meu pai jamais irá aceitar alguém que não possua a mancha sagrada.” O corajoso jovem diz para a moça não se preocupar. Ele não tinha a mancha por que queria. E nada nem ninguém iria fazê-lo mudar de idéia. ”Chega de dogmas e imposições. Eu quero ser livre para ser do jeito que eu sou; e espero que você continue gostando de mim do mesmo jeito.”A jovem simplesmente olha tristemente para ele e vira as costas dizendo adeus.
Nosso jovem Avlis, triste, desamparado, rejeitado sem ninguém. Foge para um bosque e fica refletindo. Porque algumas coisas nos são impostas na sociedade? Por que não posso ser diferente? Eu não quero ser igual aos outros. Eu quero mostrar ao mundo um novo jeito de viver. Sem regras impostas, apenas com a liberdade de escolher o que é melhor para mim. Eu quero pelo menos que as pessoas que realmente gostam de mim me aceitem do jeito que sou e a maneira que penso, pois mesmo não concordando que as pessoas possuam a mancha, nunca vou deixar de amá-las. Ter ou não ter a mancha não me faz uma pessoa nem melhor nem pior, mas sim diferente. Ser diferente é normal.
Mas, nosso jovem Avlis continuou só em seu bosque, sem ninguém que o alimentasse nem que conversasse com ele. Foi então que decidiu escrever. Escreveu livros magníficos. Desenvolveu novos métodos científicos e matemáticos, e tornou-se um dos maiores pensadores de sua época. Após sua morte, foram encontrados centenas de livros escritos por ele. E toda a cidade de Orienaj Oir ficou impressionada com seus escritos. E todos os seus livros foram considerados patrimônio cultural da cidade. Foi criado um pequeno museu para que todos os habitantes da cidade nunca se esquecesse do seu jovem solitário. Assim sendo, muitos jovens também tiraram as suas manchas em homenagem ao grande pensador. Passado alguns anos, ninguém mais que nascia na cidade era obrigado a ser manchado. O nosso querido jovem Avlis conseguiu realmente mudar o mundo mas, isso lhe custou a solidão e a morte.
Jhonatas Alfradique
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Muitas vezes nos são impostas regras. São imposições que a sociedade nos faz para que nos enquadremos e fiquemos padronizados. Mas, chamo a você a fugir desse padrão, a se tornar uma pessoa diferente. Uma pessoa sem medo de dizer o que pensa e que esteja pronta para defender seus ideais. Precisamos de pessoas com vontade de mudar. E precisamos dar uma chance para quem não possui a mancha.